quarta-feira, 15 de abril de 2015

Um texto lindo, que me reconheci em varias partes!!! Para vcs:




Há um tempo quero admitir, mas é duro dar o braço a torcer:  mãe é mãe. 
 
Elas humildemente nos permitem acreditar que somos acionistas em 50%
da sociedade. Mas se chegar aos 20% já é lucro.
 
Apesar de um leve acréscimo abdominal, meu corpo não mudou muito na 
gravidez. O dela completamente. Os hormônios estouraram, bateu o enjôo, 
as pernas incharam, a barriga cresceu e ela levava golpes internos 
freqüentes de um pequeno mamute chamado João. 
 
Após nove torturantes meses carregando o excesso de bagagem, ela 
enfrentou a ansiedade do parto, dores absurdas e um longo período de 
recuperação após a retirada da criatura.
 
Como se não bastasse, os seios racharam, sangraram e doíam a cada 
mamada. Sem falar nas longas noites não dormidas.
 
E eu? Tentei ser o mais presente e solícito em tudo. Levantando a noite, 
dando banho, trocando fraldas. Um super pai. Mas também fui à academia, 
saí com amigos, ia sempre trabalhar. 
 
Ela? nunca sequer descolou dele. A primeira vez que se afastou um pouco 
foi em um casamento, já com seis meses, por duas horas.
 
Ela sempre faz as papinhas, com muito capricho. Sempre escolheu todo o 
vestuário e bugigangas de bebês. Nunca esqueceu as mamadeiras, fraldas,
chupetas, enquanto o super ajudante, vulgo eu, esperava com o bebê 
no carro. 
 
A cada vez que ele caía tentando se equilibrar, enquanto eu levantava do 
sofá, ela já tinha pego ele no colo. 
 
Mas até então julgava ter a mesma contribuição que ela na criação do 
nosso filho. Até essa semana.
 
Tenho trabalhado bastante, é verdade. Eles passam boas noites sem 
minha presença em casa. Mas sempre que estamos juntos brincamos 
muito e busco participar de tudo. Ele costuma dar boas gargalhadas até 
ficar exausto. 
 
E nessa semana, por duas noites algo me chamou atenção. Depois que 
passava a parte da farra e batia o mau humor do sono ele não quis o meu
colo. E olha que já o fiz dormir muitas vezes. Achei que era só irritação 
mesmo, mas ele olhava para todo lado e não encontrava o que queria. 
Tentava acalmá-lo, mas a sacudida piorava o choro. Aí notei que quando 
a mãe entrou e o pegou, o problema foi resolvido. Chegou seu porto seguro, 
ele ficou em paz. O choro parou e ele dormiu rapidamente. Só então percebi 
que a mãe é tudo para ele.
 
Me entendam bem, não estou desmerecendo meu papel. Sei que não sou 
um pai ausente e que a criança tem fases. O pai tem um papel fundamental 
no desenvolvimento dos primeiros anos da criança. Não há nada pior que 
um pai que não assume seus filhos. 
 
O motivo de estar compartilhando isso é simplesmente admitir e respeitar 
o poderoso vínculo materno. 
 
A maternidade é uma difícil profissão, de certa forma ingrata, já que depois
de todo esse amor o filho cresce e toma seu caminho. Além de não ser 
remunerada. E deveria. É tão honrada e necessária quanto a dos 
professores.
 
Sei que ainda não é dias das mães, mas para os nossos pequenos, todo
dia é dia delas. 
 
Evandro Salgado